Ninguém suporta mais meias-verdades. Todo mundo no mundo todo está procurando respostas, e não é qualquer resposta que vai satisfazer a alma de qualquer um. Não existe mais aquela ingenuidade em respeito à “boa-religião”, onde o sujeito aceitava toda sentença que saia da boca de um sacrossanto homem. Não mais. Agora as pessoas perguntam: Por quê? Fica claro que no momento mais questionador da história da humanidade em relação ao trinômio mundo-Deus-eternidade, todos querem saber apenas o que é a verdade, e nada além ou aquém desta real verdade.
E qual será a resposta que estamos dando às incertezas dos nossos semelhantes? Em absoluto, ando muito inquieto a respeito disso.Tenho sérias dificuldades ao tentar não me irritar quando ouço uma pregação, ou até mesmo um diálogo entre cristãos onde as respostas às questões pertinentes à alma humana não passam de meras receitas religiosas e ocas da insistente cozinha do apagão de energia racional.Usando de mandingas-pseudo-cristãs, as respostas caem sempre no lugar comum do escambo, onde a mentalidade retroage aos tempos da pré-colonização, como fossemos nós ainda índios interessados em objetos sem valor, e Deus o colonizador/usurpador de nossas almas.
Estaria o nosso Deus realmente interessado em brincar desse jogo pueril com os homens, ao receber favores humanos em troca de bênçãos divinas? Ou então estaria procurando adoradores pela terra afora (como realmente está!) a fim de galardoar esses “verdadeiros adoradores de motivações dúbias” com riquezas e bens? Porque essa é a linha teológica de engano que está sendo ensinada em boa parte dos nossos púlpitos hoje. É essa teologia tão sem fundamento na verdade e tão simples de ser explicada à medida que se baseia no principio de causa e efeito das coisas, que o povo, que perece hoje por falta de entendimento da Verdade, abraça esse ensino de braços abertos. É basicamente assim que se entende: “Se eu faço coisas boas, coisas boas acontecem comigo. Se o perverso faz coisas más, ou seja, o outro que não sou eu (porque ele não cogita de forma alguma que seja possível fazer o mal ele mesmo), então coisas más acontecerão com o perverso, mas não comigo”.
Lembro de um culto onde ouvi uma pregação onde tudo se resumia em princípios de causa e efeito, como esse: “Se você orar irmão, o seu filho vai orar. Se você buscar ao Senhor, o seu filho também vai buscar. Se você tiver sede por Deus, o seu filho também terá”. Não foi a primeira vez que ouvi coisas do tipo, e pelo visto nem a última. E tudo isso é falado sem nenhum respaldo bíblico ou histórico, na cara-de-pau e sem constrangimento. Afinal, quantos homens dedicados, que serviram a Cristo fiel e piedosamente, sofreram por seus familiares que negaram a fé e se afastaram da Verdade? Quantas mulheres de oração morreram sem jamais terem visto seus maridos e filhos arrependidos diante da Cruz?
É esse o pseudo-evangelho que tem sido pregado pela maioria, onde não existe a Graça. Eles a deixam de fora, porque a Graça não é uma matemática religiosamente exata, onde tudo se consegue na medida numérica das “boas ações”. A Graça jamais será baseada em justiça própria, como se nossos atos bons merecessem grandes recompensas. Também não servirá à justiça humana, destruindo aos perversos por serem eles praticantes de obras más. A Graça é, em si, um favor imerecido. E se você prestar a atenção real nos exemplos bíblicos e não apenas olhando para a Palavra com a ótica das profetadas que apenas massageiam o ego do pecador, verá que em boa parte das vezes, a Graça se manifesta em meio à des-graça humana.
E porque a moda hoje então é dar respostas fáceis? 1. Porque não se quer reconhecer que em Deus convergem todas as coisas, tanto as boas quanto as ruins (Colossenses 1:16-17). 2. Porque é avidamente doído aceitar que muitas vezes nós teremos que conviver com nossas próprias chagas, simplesmente porque a Graça da revelação de Cristo por nós e em nós nos basta (II Coríntios 12:9). 3. Porque é inaceitável hoje o evangelho que sente prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estamos fracos, então, somos fortes. Quando estamos pobres, então, somos ricos. Quando estamos mortos, então, realmente vivemos (II Coríntios 12:10).
Sei que meus argumentos são refutados pelos “pastores” que atraem para si milhares de ovelhas, dizendo que os campos estão verdejantes, e que tem comida para todos quando, na verdade, os campos do entendimento estão mortos e os mananciais secaram. Onde se alimentarão as ovelhas que acreditaram no papo-furado das bênçãos fast-food e das promessas de alegria eterna instantânea?
É fato que acreditamos que a Bíblia é a BASE para qualquer resposta. Mas do que é feito o EDIFÍCIO que construímos para o mundo ver? Contextualizados com este mundo velocíssimo, o que será que estamos mostrando para nossos irmãos-humanos que ainda não viram a face verdadeira do amor? Não sendo apenas uma resposta preguiçosa de causa e efeito, que apenas levará a humanidade para um buraco mais fundo de frustração, mostremos ao mundo a Graça de Jesus, e os argumentos verdadeiros da VERDADE.
Embevecido pelo alto favor imerecido de cada dia, que me liberta da minha des-graça pessoal,
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